Recordações e Decisões


Existiram alturas na minha vida em que as minhas maiores preocupações eram juntar o dinheiro da minha semanada, os 200$ escudos, para comprar cartas Magic e não me esquecer de, antes de sair de casa, programar o video para gravar o episódio do DragonBall Z que iria dar quando já estivesse na escola.


Alturas em que tudo parecia esquisito e para os grandes se preocuparem.
TPC’s eram a maior chatice da vida, pareciam tortura e a invasão do meu tempo dedicado à brincadeira dos Micro Machines. Época dos Sugos e dos Bolicao’s serem tudo o que necessitava para me alimentar.
Os Push Pop eram para meninas, os rapazes à séria devoravam aquelas bolas brancas doces, gigantes e com rabiscos de várias cores, as chamadas Jaw Breakers, que só depois de grandes e demoradas batalhas, sucumbiam e finalmente desapareciam.
O Trinaranjus era obrigatório nas festas de anos na casa do(a) aniversariante e as músicas slow eram as mais pedidas. Dançar com uma rapariga significava colocar, gentilmente e a medo, as mãos na sua anca e deixar que ela, de braços bem esticados, entrelaçasse os dedos atrás do meu pescoço. O caso seria sério se mais que isso acontecesse.

Finalmente como hobbie desta vida atarefada existiam as colecções da Panini, das competições futebolísticas mais variadas e virtualmente impossíveis de completar sem ter que ir ao velho da Baixa, como que de um feiticeiro se tratasse, trocar 50 cromos por aquele jogador suplente do Gil Vicente que nunca ninguém tinha visto jogar.



Vida diferente a de hoje, mas mentiria se dissesse que, de vez em quando, não sinto vontade de voltar a esses tempos em que a minha vida era tão mais leve e despreocupada, sem ter de tomar decisões que vão definir o meu futuro…

3 comments:

Nexis said...

Opah mexeste muito com a minha infância...

Tb fui um cromo do Magic, mas vendi tudo por quase 600€ na altura. Foi um bom vicio, mas que custou deixar!

Infância feliz, faz pessoas melhores, não achas??

Abc

Unknown said...

Ao escrever este post foi como se estivesse a ver um filme daqueles que acabam a explicar o passado do protagonista para justificar as suas atitudes no presente.

Infância feliz torna as pessoas melhores, sem dúvida.
É a construção de uma personalidade com todos os seus alicerces emocionais e racionais.

Na minha opinião, a mais evidente desvantagem de uma infância feliz é a falta de preparação para as atrocidades e horrores que a vida real e adulta podem reservar.

Oh well, nem tudo são rosas...

Ana Morais said...

Foi bom recordar à medida que lia...com certeza não sou do mesmo ano que tu, mas ainda apanhei um bocadinho desses tempos... em relação à conclusão (no texto): sabe bem PODER recordar esses momentos, e já é um privilégio poder recordá-los com saudadinha (sinal que foram bons) mas tudo tem o seu tempo e PODER tomar as nossas próprias decisões é tornarmo-nos donos e senhores do nosso futuro torna-se outro privilégio com o qual temos de saber lidar, agora depende de ti...se lidas bem ou mal :P

E viva aos PushPop...se bem que eu era mais menina dos PetaZetas...eheheh